segunda-feira, 31 de agosto de 2015

31082015


Nada possuímos. 
Nem utilidade há nenhuma
Em possuir nada.
Que possuis tu?
A tua alma? Os teus sentidos?
As tuas vivências?
O teu corpo? 
As sensações que constantemente buscas?
Quando possuis alguém,
Buscas uma pessoa
Ou uma outra sensação que não a de te possuíres apenas a ti próprio?
Será que possuis as palavras que proferes?
Possuíste-as tu ao aprender a usá-las?
Ou possuem-te elas a ti?
Nada possuímos. 
Nem mesmo a água que bebes e que de nós passa a fazer parte.
Pois nem a ti te possuis,
nem possuis nada.
Nem utilidade há nenhuma
Em possuir alguma coisa.



(porque a liberdade passa pelo desprendimento, muitas vezes de coisas materiais em excesso)

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

maybe I don't own my own ideas, maybe they own me.




Fervilham os delírios de mente, deslizam as ideias e as abstracções. Não consigo apanhá-las, alcançá-las a todas, deixam de ser ideias mal se formam em si mesmas.

São constantemente sugadas numa espiral de necessidade de as ordernar, de organizar o inorganizável, de fazer sentido de coisas que não fazem sentido de tanto sentido que fazem.

Quero tanto metê-las nas caixas, antes que desapareçam. Antes que se dissipem pelas frestas da (falta de) memória, ou do excesso de fluxo de... tudo. Antes que deixe de conseguir controlá-las.

Antes que deixem de fazer sentido.

Mas que outro sentido terão elas, senão a de não fazerem sentido nenhum?

Talvez o maior sentido e propósito delas será mesmo a de serem soltas, impassíveis de serem estruturadas, etiquetadas, e guardadas numa gaveta a fim de serem utilizadas mais tarde.

Talvez não seja eu a dona das ideias, talvez sejam elas as donas de mim. Teimam em aparecer e desaparecer a seu bel-prazer, em voltar e em auto-concretizar-se, ou então, destinadas a ficarem para sempre no plano do meramente imaginável.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

As dores da minha existência #5



A alegria de ver cada dia
Começar e acabar.
De sentir o tempo a entranhar-se, a dissipar-se.
E ficar feliz.
E ficar triste.
O contentamento de ver essa estranha matéria que é o tempo,
a fazer parte de si mesmo
e a desintegrar-se de si mesmo.
A alegria de vivenciar os ciclos que iniciam e terminam.
(Ou não. Talvez seja tudo o mesmo ciclo)
Quanto mais tempo vou ver passar?
Quantos mais dias vou ter a alegria de ver nascer 
E o contentamento de ver morrer?
Quantos mais ciclos irei percorrer?
Quantos mais sóis irão andar em espiral sob mim?
Para essa questão, nem mesmo o tempo tem resposta.





domingo, 16 de agosto de 2015

As dores da minha existência #4

Da dualidade.
Do contraste gritante.

O desassossego, a inquietação, a insatisfação, a exaltação, a busca constante por sensações fortes, tentando prolongar o prazo de validade da vida.

Ou a resignação. A aceitação apática face à inutilidade de entrega total a essas sensações.
Uma resignação apática mas, de certa forma, de todas as formas até, feliz. 

A estrutura, o querer arrumar, delinear, organizar, racionalizar, ter em ordem e sob controlo.

Ou a liberdade. A fuga ao que é padronizado, a tudo o que é convencionalismo, estático e fechado a realidades alternativas.



- "és uma pessoa de extremos
- mas equilibrada q.b.".

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Leitura de Aura II - A Revolta

A contradição absoluta.
Do ser azul.
Azul forte. Brilhante.

Comunicação e poder de abertura.
Sol. Reluzente. Com raios espalhados.
Por cima dela.
Busca alimento aos outros.
Alimenta-se a si própria.
Luz. Em espiral.
Deixa a energia solta.
Não a contém.
(que sentido faz contê-la?)
Guia-se pela busca de sensações.
O que sente é o que é válido.


Rosa com pétalas abertas.
Mas recontorcidas.
Viçosa e aberta.
Segura. Firme.
Gosta de se sentir e mostrar bonita.

A determinação. A obstinação.
Sede de aprender.
Desejo de conhecer.
Querer saber. Questionar.
De forma ingénua, expôr o que não sabe 
- e o que quer saber. 
Despretenciosamente.


O passado que é hoje presente.
O totalmente inesperado. 
O conforto. A tranquilidade. O à-vontade.
Preocupações.
Marcas, fortes.
Orgulho.
Acordos cumpridos.
Mas também faltas de compreensão.
Compreensão do simples ser.
Os choques e os conflitos.
São nós nas emoções.
Que insistem em não se desfazer.
Lembranças ultrapassadas, mas que atormentam e castigam.
Coisas que ficaram por dizer. E por resolver.

As fragilidades. 
A ingenuidade.
Ficar sentida com os males do mundo.
Precisa criar uma protecção para se defender.
Para não ser sugada.
Mas não há remorsos, nem raivas, nem rancores, nem vinganças.
Não há espinhos na rosa.

A alma jovem. 
Não tem raivas guardadas,
mas há uma revolta.
A revolta de nunca conseguir dar o que quer.
O sufoco.
A constante sensação de que nunca é o suficiente. Nada o é.
Algo ou alguém trava-a de dar tudo o que tem para dar.
Acaba por impedir-se a si mesma de dar mais por acreditar que nunca nada será suficiente.

As dúvidas existenciais.
A noção de insignificância.
A efemeridade da passagem.
Ainda assim, em paz.
Com o conflito interno, com o equilíbrio desequilibrado.
Com a revolta do não conseguir ser o suficiente.
Está em paz.

A contradição.


Tudo isto e tanto mais.

domingo, 9 de agosto de 2015

As dores da minha existência #3


Quero arrumar as minhas experiências e estados emocionais (e existenciais) em pequenas gavetas numa cómoda, arrumados, limpos, em ordem. Que possa eu abri-los e fechá-los a meu bel-prazer. Mas já aceitei a realidade inalienável e inerente às sensações, de que estas são compostas por uma complexidade que foge a si mesma, que flui demasiado e que se desliza por entre as frestas do pensamento. Não dá para colocá-los em caixas.

Estrutura. Preciso de estrutura.

Liberdade. Preciso de liberdade.
(sobretudo de mim mesma).


- "até tu de vez em quando te enlouqueces a ti própria!"