segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Do saber estar sozinha.

Com o tempo, aprendi a saber estar sozinha. Na cama, a olhar para o tecto, a ouvir os meus pensamentos. Numa rua, na penumbra, só, a ouvir os meus passos, a ver a minha sombra. Sem qualquer medo. Se dantes tinha medo de parar, e ficar sentada numa cadeira entre 4 paredes caladas, se dantes tinha medo de me ouvir, porque o que dizia a mim mesma era tanto que não conseguia assimilar tudo, hoje, isso mudou. Consigo ouvir-me sem ter medo de me perder. Deixei de ter medo do silêncio e aprendi que o silêncio interior é a maior fonte de sabedoria a que temos acesso. Aprendi a ouvir-me quer esteja sozinha no silêncio, a ler um livro, a ouvir música, a ver televisão, a falar com uma pessoa, com duas pessoas, com três pessoas ou no meio de uma multidão. Já não preciso de ninguém para me sentir suficientemente segura ou para não me sentir sozinha. Porque, agora, estou em contacto. Comigo mesma. Adoro companhia, adoro pessoas, mas acho que momentos de solidão são simplesmente necessários.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Há certos momentos em que a minha consciência acerca da possibilidade de morrer a qualquer momento, é extremamente activada. Não posso chamar a isto de ataque de pânico: o meu coração continua a bater normalmente, a respiração pausada e calma, nada de grandes exaltações. São apenas momentos em que o meu espírito, parece-me, é sugado do meu corpo, e ele transcende-se de tal forma ao ponto de eu pensar “posso estar a morrer precisamente neste momento; e toda esta tranquilidade assustadora que me assalta, é apenas aquela sensação de paz imensa, de saber que se sabe tudo e de que se poderia encontrar agora mesmo todas as respostas, que tudo faz um sentido enorme, aquele que dizem que se sente nos segundos imediatamente anteriores à morte”. A partir deste momento, todos os segundos que passam são uma conquista. Cada frame de imagem que passa na TV, cada vez que movo a cabeça, cada movimento ocular, cada inspiração e expiração. Saber que o meu corpo adormeceu de todo face a uma mente que, por sua vez, está bem desperta. Cada pensamento consciente torna-se uma conquista, a sensação maravilhosa de que, se estiver para morrer, conquistei mais um segundo à vida. E mais um, e mais um, e mais um minuto, e mais outro.
Não é assim tão mau como soa. Eu encaro-o como uma espécie de terapia, sessão de quase-hipnose ou transcendência que, no final, me faz tão bem à alma e me faz ver as coisas de forma diferente e com um olhar mais aberto e mais atento. Sinto-me rejuvenescida, como se tivesse quase para morrer e tivesse nascido de novo. Como se, no fundo, a vida me tivesse dado mais uma oportunidade e a vontade de a viver melhor. Ainda melhor.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Capacidade de Adaptação.

A qualquer lugar, situação, pessoas que nos rodeiam, a capacidade de adaptação é sempre uma virtude a cultivar, e que eu sempre tento cultivar em mim. Mesmo quando penso para mim mesma “quero tanto sair daqui” mas por alguma razão tenho de ficar, então visto a pele da adaptação. Tolero, sou paciente, sei aceitar, compreender, mesmo que uma situação ou atitude ou conversa não me agrade particularmente. Muitos podem dizer que sou falsa. Whatever, é que às vezes sou mesmo. E daí? Já percebi que 80% das porcarias com as quais tenho de me deparar no mundo real e na vida normal, são coisas que não me vão agradar, mas que tenho de fingir que me agradam, por uma questão de adaptação e sobrevivência. Acho um mito essa conversa do “fazer só o que se gosta” e “apenas estar com as pessoas de quem se gosta”. É mentira! Muitas vezes temos de fazer coisas que não gostamos e aturar pessoas que gostamos ainda menos. E por ter percebido isto, percebi que por vezes tenho de ser falsa; que nem sempre posso ser fiel a mim mesma, ouvir o meu instinto e simplesmente sair, ir embora, que às vezes tenho mesmo de contrariar isso e ficar lá. Não porque eu seja uma pessoa muito exigente (se bem que com o tempo tenho ficado cada vez mais, especialmente com as pessoas, e adoptado o ditado “antes só que mal acompanhada”), mas porque é necessário para sobrevivência. Daí que eu ache que a capacidade de adaptação é um valor muito importante a praticar. É sempre uma mais-valia e sempre me tem valido de muito. O que também tem o seu lado positivo: quanto não se aprende, quanto não se cresce, quanto não se surpreende, ao fazer coisas, adoptar certos comportamentos porque a situação assim o exige, ou forçar a barra com uma conversa com uma pessoa que não nos interessa? Quanto eu já não me deparei com pessoas que, afinal, me surpreenderam, porque fui paciente e tolerante e acabei por perceber que também elas, têm algo a ensinar-me. Quantas vezes, em culturas diferentes e pessoas tão diferentes que chocavam entre si, eu não retirei o que de melhor essa situação tinha para me dar, em vez de ficar só a queixar-me; sendo tolerante e retirando apenas aquilo que me interessava, ou o que achava que era melhor para mim naquele momento, cultivando a paciência e a capacidade de adaptação. Nunca me esqueço que, apesar de ter as minhas próprias ideias, sólidas e firmes, sou um ser em construção e ainda tenho muito que aprender. Descobri que forçar-nos a viver coisas que não queremos, que não nos agrada, pode ser uma fonte preciosa de aprendizagem e descoberta.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O que de melhor temos para oferecer aos outros é afecção, amor, carinho, positivismo, cooperação, presença... não dinheiro ou bens materiais, mas sim apenas uma atenção... um pequeno sorriso de cumplicidade, um grande abraço, uma mensagem a perguntar se está tudo bem, faz a felicidade de muita gente! São os gestos mais pequenos e simples que têm mais significado... às pessoas que realmente interessam para nós! Muitas vezes faz a minha felicidade, que simplesmente se lembrem de mim! Sempre temos de nos dar por inteiro, o que de melhor temos em nós... nunca esquecer que apenas recebemos dos outros, aquilo que cultivamos neles.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Experiências que mudaram a minha vida #5

Powerful.
Everyone could follow me, I have an ocean made of lights on my feet, I have someone offering me a cigarette on my mouth while I sit on the edge of the bed and write in this uncontrolled and mad manner. The text is small, but the meaning is profound, and the letters are big, and insane. He’s saying I must be writing the next bible.
“We are in a palace and we are god”.
Powerful.
I feel like I own every piece of knowledge. But its not a word-kind of knowledge, it’s a body-kind of knowlegde. Like I have that knowledge craved in my body, I know all the answers to all the questions in the world, in my body. It’s a wonderful feeling.
And also the emotions. They’re all in me, I possess them all and I can rule when to feel what, so I have a power.

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Lasers with warmth.
Rainbows in the shadows.
I keep thinking to myself, normal people on normal vacation must not feel like this.
Hunger. Tireness.
One half of the room is red but the other one is blue.
I can change the color of the room just by turning my head.
I think that’s what I meant when I said I had a power.
My body levitates.
The chandeleer is made out of lava, in different colors swiming along the bright red.

Janeiro 2013

domingo, 6 de janeiro de 2013

Não consigo viver sem emoções fortes. Fazem-me falta aquela profundidade, intensidade, drama, tragédia que caracterizam a forma como vivo as coisas: sempre no limite, sempre num auge, sempre por inteiro e nunca a metade. Gosto de fazer das coisas pequenas, grandes. Das pequenas conquistas, grandes ganhos; de pequenos percalços, grandes tragédias. Se é para chorar e sofrer, é para fazê-lo com alma!... é para fazê-lo até que me apeteça vomitar, até não haver mais lágrimas nem mais voz para gritar. Se é para estar furiosa e com raiva e a explodir, que seja para bater todas as portas e partir todos os pratos da casa. Se é para sorrir, que seja com um sorriso aberto, sincero e genuíno, de quem se sente verdadeiramente abençoada pelas coisas mais pequenas do dia-a-dia, e torná-las grandes e especiais! Se é para rir, que seja rir a bandeiras despregadas, que dê vontade de dançar, festejar e celebrar a vida, que seja para rir de tanta alegria e felicidade que explode no coração, que quase faz chorar!

Não saberia eu viver de outra forma... sem o drama e a tragédia que dá aquele toque de filme ou novela que dou à minha vida. Sem me entregar por completo, sem arriscar tudo o que tenho e o que não tenho, sem colocar o meu CD favorito e a cantar em altos berros sozinha no carro, sem acordar com música clássica como despertador, sem estar a levantar voo com um belíssimo nascer-do-sol e ouvir música que me invade a alma de emoção. Sem viver loucuras, entregar-me a elas como se nunca houvesse amanhã, muitas vezes sem expectativas, sem medos, sem reflectir muito nas possíveis consequências, de forma espontânea.

Gosto de brincar com possibilidades. Com o que poderia ter sido, como seria se tivesse tomado decisões diferentes, de brincar com os presentes alternativos e universos paralelos. Gosto de pensar que o número de cenários e rumos diferentes que a vida pode tomar, é tanto quanto o número de decisões e caminhos a seguir com que nos deparamos: infinitos! Faço escolhas, mas gosto de imaginar como teria sido se tivesse feito aquela escolha, e não esta? E aquela outra, e aquela? Onde me teria levado, onde estaria agora, como seria agora? Nunca em tom de arrependimento ou de querer voltar atrás e mudar as coisas, mas sempre num prazer que me dá brincar com o desconhecido. Dá-me gozo encarnar personagens, viver em filmes, fazer filmes da minha vida, da que é e da que poderia ter sido, de viver na minha “wonderland”, como muitos dizem. 

Muitos me “acusam” de ser ingénua. Louca, irreflectida, que ajo sem pensar muito nas consequências, que talvez devesse estar menos iludida e talvez pensar melhor antes de agir e embarcar em aventuras sem destino previsto ou imprevisível. Que deveria viver mais no mundo real e menos na wonderland. Mas... imprevisível, aventura, riscos, sim, e daí? Que seria da vida feita de previsibilidade? De ficar onde é e sempre foi confortável, ao que se está habituado, e não explorar mais para além disso? Qual o mal de viver num filme ou fazer na vida um filme, ter um próprio mundo, um mundo só nosso, onde de vez em quando queremos entrar, como um escape da realidade para a qual e com a qul acordamos todos os dias? Não compreendo esta perspectiva, conformista e conformada, que muita gente tem face à vida, que afinal, é só uma, só a vivemos uma vez, e ninguém a pode viver por nós. Não há espaço para pensar "é isto, a vida é isto, tough up for life!", em vez disso, há espaço para pensar "não,não pode ser assim. tem de ser mais do que isto. tem de haver mais. vou descobrir mais. vou viver mais". Nem todos compreenderão esta minha perspectiva; porque tomo determinadas decisões, porque vou a determinados sítios, faço determinadas coisas, tenho determinados hábitos, dou-me com determinadas pessoas; não compreendem que por vezes preciso fugir, fugir da vidinha normal, das pessoas normais, que não me despertam o mínimo interesse, com as quais muitas vezes faço um esforço descomunal para manter uma conversa de circunstância e poder arranjar uma desculpa para me livrar daquilo, dos sítios comuns, das conversas mais do que conversadas; não compreendem porque gosto tanto de ter sempre um escape, um fuga, umas férias que não precisam ser físicas, podem ser dentro da minha mente, na minha wonderland, e no filme em que vivo; não entendem a minha sede de ir sempre mais além, explorar novos campos, viver de forma intensa e levar tudo ao limite.

Sim, eu não conseguiria viver sem emoções fortes. Sem fazer das coisas mais pequenas, coisas enormes, sem fantasiar constantemente, sem brincar com os meus pensamentos e senti-los de forma tão absorvente. 

"there are certain things in life where you know it's a mistake but you don't really know it's a mistake because the only way to really know it's a mistake is to make the mistake and look back and say 'yep, that was a mistake.' So really, the bigger mistake would be to not make the mistake, because then you'd go your whole life not knowing if something is a mistake or not."