terça-feira, 16 de outubro de 2012
Tough up for life.
Este fim-de-semana ouvi dizer, há aquele momento na vida em que uma
pessoa cresce o suficiente para acordar para a vida, ou “tough up for life”.
Aquele momento em que a pessoa acorda para a vida e diz “é isto, não passa
disto, e é uma merda, e será sempre uma merda, e por isso o melhor que tenho a
fazer é habituar-me”. Ainda não cheguei a esse ponto, e espero não chegar tão
cedo. Porque para mim, isso pode ser sinónimo de maturidade, mas não de
felicidade. Pessoas mais velhas sempre me dizem, face à minha ingenuidade e
tolerância constantes, que um dia abrirei os olhos, e a vida não é esta wonderland em que vivo, e as pessoas não
são assim tão boas, e a tolerância não pode ser confundida com indiferença, e
que as coisas não são tão boas como eu às vezes as vejo. Nessas pessoas, eu
vejo pessoas que ganharam defesas, pessoas que foram maltratadas pela vida, que
deixaram de tentar fazer do mundo um lugar melhor, e a vida delas um pouco mais
agradável e prazerosa. Não quero que esse dia chegue para mim, pelo menos não
tão cedo. Se isso implicar continuar a ser criança e ingénua, e a ver tudo com
lentes e filtros de filme cor-de-rosa, que seja. Não quero perder esta
abertura, e esta capacidade de sonhar, de pensar que “o eterno é apenas o
recomeço”, a capacidade de não ver limites a nada nem pôr nada fora de
hipótese, que me são tão características. Não quero nunca que a palavra
“impossível” faça parte do meu dicionário, nem quero dizê-la mais do que uma
vez por semana. Não quero parar de acreditar que todas as pessoas têm um lado
bom, que tudo na vida pode ser encarado com positividade, que tudo é exequível
e possível desde que me faça feliz, que ser tolerante não é sinónimo de ser
indiferente. Nunca quero perder a abertura à mudança, às experiências novas, a
fazer sempre algo que nunca tinha feito antes, a aprender com essas
experiências, a dizer e ir e fazer e
acontecer, porque eu acho que vai correr bem mesmo quando me dizem que sou
“louca” e que “não devia fazer isso”. Não quero nunca perder esta vontade de correr atrás do que quero, mesmo com todos os riscos envolvidos, mesmo quando toda a gente me diz que não vai dar, que vai correr mal, tentarem mostrar-me o lado menos bom das coisas, e eu sempre a ver o melhor. Não quero nunca que as expressões “não
posso” e “não devo” façam parte do meu vocabulário diário. Talvez a vida me
tenha sempre sorrido demais, talvez ainda não tenha sofrido o suficiente,
talvez, talvez, talvez. Talvez um dia eu acorde para a vida, talvez um dia eu
abra os olhos, mas por enquanto, e até enquanto der, quero manter-me sempre
nesta bolha cor-de-rosa que é não necessariamente a minha vida, mas a minha
forma de olhar para ela.
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