Fervilham os delírios de mente, deslizam as ideias e as abstracções. Não consigo apanhá-las, alcançá-las a todas, deixam de ser ideias mal se formam em si mesmas.
São constantemente sugadas numa espiral de necessidade de as ordernar, de organizar o inorganizável, de fazer sentido de coisas que não fazem sentido de tanto sentido que fazem.
Quero tanto metê-las nas caixas, antes que desapareçam. Antes que se dissipem pelas frestas da (falta de) memória, ou do excesso de fluxo de... tudo. Antes que deixe de conseguir controlá-las.
Antes que deixem de fazer sentido.
Mas que outro sentido terão elas, senão a de não fazerem sentido nenhum?
Talvez o maior sentido e propósito delas será mesmo a de serem soltas, impassíveis de serem estruturadas, etiquetadas, e guardadas numa gaveta a fim de serem utilizadas mais tarde.
Talvez não seja eu a dona das ideias, talvez sejam elas as donas de mim. Teimam em aparecer e desaparecer a seu bel-prazer, em voltar e em auto-concretizar-se, ou então, destinadas a ficarem para sempre no plano do meramente imaginável.
1 comentário:
"Sentir é criar. Sentir é pensar sem ideias, e por isso sentir é compreender, visto que o Universo não tem ideias."
Fernando Pessoa
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